Os investigadores do cérebro acreditam que a guerra entre os géneros está «ultrapassada» e que ninguém procura encontrar um «sexo forte» mas as diferenças cerebrais entre homens e mulheres ainda geram discordâncias entre os especialistas.
«É inegável que existem diferenças, mas não há guerra de sexos»
«É inegável que existem diferenças entre o cérebro masculino e o feminino» afirmou Manuel Paula Barbosa, director do Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina do Porto, para quem as distinções «vão de aspectos como o peso (o cérebro do homem pesa cerca de 1.450 gramas e o da mulher cerca de 1.350) a variações de índole molecular».
No entanto, o especialista desmistifica a ideia de guerra dos sexos: «Nenhuma investigação actual visa determinar se a mulher é superior ao homem ou o contrário, isso está ultrapassado e caminhamos para a igualdade absoluta, reconhecendo que os cérebros de homens e mulheres se complementam e que as diferenças são salutares».
Mulheres são «corredoras de fundo»
Exemplificando, Manuel Barbosa considerou que «as mulheres são autênticas corredoras de fundo - mais perseverantes e estóicas e com uma enorme capacidade de trabalho, além de possuírem uma memória do imediato muito mais desenvolvida do que os homens».
Homens agem «por pulsões» e «desistem com maior facilidade»
«Já os homens agem mais por pulsões e desistem com maior facilidade dos seus objectivos, embora tenham uma melhor memória espacial e uma grande capacidade ao nível da intuição musical e da matemática», adiantou.
Diferenças condicionadas por hormonas sexuais
De acordo com o também professor de Neuroanatomia é ainda preciso compreender que «essas diferenças assentam em características morfológicas condicionadas por hormonas sexuais».
«Um macho castrado nunca terá um cérebro masculino normal», sublinhou.
A influência hormonal no dimorfismo sexual cerebral foi também assinalada à agência Lusa por Dulce Madeira, professora no Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina do Porto.
Devido à estreita ligação entre o cérebro e as hormonas sexuais, «ao longo dos anos as variações hormonais vão influenciando a morfologia cerebral e a neuroquímica, nomeadamente fazendo com que certas diferenças se tornem menos evidentes», declarou.
Autismo e esquizofrenia predominantes no homem
A investigadora do Centro de Morfologia Experimental destacou ainda que a diferença entre os cérebros masculino e feminino passam por «uma assimetria existente entre os dois hemisférios cerebrais, que é mais acentuada no género masculino».
«Doenças como o autismo e a esquizofrenia, que são predominantes no homem, têm relação com essa maior assimetria», realçou a docente de Anatomia.
«No caso da mulher, há uma maior semelhança entre os dois hemisférios, existindo também uma maior comunicação entre eles, o que faz com que as representantes do sexo feminino tenham maior capacidade de recuperação de acidentes vasculares cerebrais (AVC)».
E o leitor, acha que a ideia de guerra de sexos já foi ultrapassada no século XXI?
Ainda existe um «sexo forte» e um «sexo fraco»?
Afinal não há guerra dos sexos?
Author: Arthur / Marcadores: da Agência Lusa, fonte: Helena de Sousa Freitas
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