Mãe

Author: Arthur /

Maria Águeda Rodrigues Câmara Melo


25/08/1938 - 31/10/2008





Qualquer que seja a direcção que lanço o olhar não te encontro.
Fisicamente não estás em lado algum mas, cá dentro, vejo-te nitidamente.
Sentada à mesa comigo, enquanto janto, em amena conversa, segredando-me segredos ou combinando o que iremos fazer nos próximos dias...
Sentada no sofá a dormir...
Sentada no sofá a seguir atentamente as novelas...
Andando, de um lado para o outro, no habitual stress de ter tudo pronto a tempo a horas...
Mãe!
Não acredito que partiste!
Mãe!
Diz-me que estou a viver um pesadelo; que dentro em breve acordarei contigo a meu lado, tal como nos tempos de infância em que me vinhas acordar para ir para a escola...
Mãe!
Porque partiste tão abruptamente sem aviso?
Mãe!
E o que combinámos fazer ontem?
Mãe!
O que faço de agora em diante que já cá não estás?
Mãe!
Lembras-te do nosso último olhar, do nosso último “até amanhã”...
Mãe!
Foi “até sempre” e nem eu nem tu sabíamos!
Mãe!
Perdi-te, fisicamente, para toda a eternidade!
Mãe!
Acorda-me deste pesadelo como sempre o fazias quando era criança e logo acorrias ao quarto para me sossegares e embalares!
Mãe!
Perdi-te para todo o sempre e não consigo compreender porquê...
Já chorei, choro e vou continuar a chorar-te para o resto da minha vida...
Mãe...
Descansa, finalmente, em paz...



P.S. - Esta sexta-feira faz quatro semanas que dura este pesadelo!

8 ataques:

Luísa Silva disse...

És o melhor filho, o melhor amigo e a melhor pessoa.
Adoro-te amigo.

A ilha dentro de mim disse...

As lágrimas que me escaparam pelo rosto sentiram o aperto que foi posto nestas letras. Sei, por experiência, que esse pesadelo, como lhe chama, não vai acabar. O tempo, contudo, torná-lo-á menos sofrido. Palavra que quem ainda navega na rota da dor.

Bia Alegria disse...

Deve realmente ser uma dor muito grande... e este poema dá todo o sentido à dor que deves estar a sentir. Só peço desculpa por não ter sabido mais cedo. Este poema deixou-me uma lágrima no canto do olho... prova de que era amada esta mãe (aliás como todas devem ser!)
Agora... agora é olhar o futuro com esperança, sem nunca esquecer o passado... mas com olhos na vida.
Porque é assim mesmo... enquanto aqui estamos somos vida e espero que não te vás (mais) abaixo.
Fica bem

Anónimo disse...

Não existe nem nunca existirá palavras para descrever o que se sente quando alguem que amamos parte. Não existe solução alguma para colmatar a perda que é. Pensámos sempre que a nossa mãe ou o nosso pai nunca partirá, mas é a natureza da vida e contra ela não podemos lutar, mas podemos lutar ao encontro do viver sem a presença deles fisicamente porque no nosso coração eles estarão sempre cá...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Arthur, como te disse, acredita que agora tens uma estrelinha a olhar por ti. A única coisa que pode "acalmar" a dor, é a certeza que essaq pessoa estará sempre presente nas recordações e, acima de tudo, na pessoa que és hoje.
Beijo grande

Neni disse...

Fizeste-me chorar. Nestes momentos ponho-me sem querer no lugar de quem perde alguém amado e sinto uma dor terrível. Penso que o meu mundo vai acabar no dia que o mesmo me acontecer, mas sei que és forte e com o tempo vai doendo menos...
Um grande beijinho!

AZORES disse...

Pior que saber que já não a temos deste lado é pensar que não lhe disse nunca que ela era a melhor mãe do mundo e ficar com essa mágoa: só resta esperar que ela o soubesse, que com aquele instinto ou 6º sentido que todas as mães têm ela pressentisse que assim é e que sempre será a única que merece o título de MÃE com todas as letras