Guerra de Sexos

Às 14h24 do dia 15 de Setembro de 2003 "tornei-me" Pai.
O nascimento da minha filha foi, de igual modo, o meu próprio renascimento.
Renasci para a vida que passei a ver, observar, compreender e levar de uma forma totalmente diferente.
Foi, talvez, o dia em que me surgiu o primeiro cabelo branco...
Acima de tudo, foi o dia mais feliz da minha existência.
Passei a identificar características físicas que eram só minhas em outro ser humano; com o tempo, reconheci traços de personalidade que julgava ser o único a ter.
Foi também o início da responsabilidade, da verdadeira essência do desprendimento e da quase total dedicação.
Não demorou muito para me aperceber que o filho que não muitas vezes constestava em silêncio o pai, em pai se tinha tornado e adoptava procedimentos que antes contestava.
A teoria do baloiço tornou-se uma constante.
Enquanto filho, o que mais gostava era de me sentar no baloiço e tentar voar o mais alto possível, independentemente das suas suas condições de segurança e da minha própria segurança; enquanto pai, avalio primeiro as condições de segurança do baloiço antes da miúda lá se sentar e quando ela procura ganhar velocidade para ir o mais alto possível, logo me intrometo e procuro refrear os ímpetos de liberdade...
Sou pai...
Ainda consigo ficar a pensar sobre o que é ser pai. Sou pai e, felizmente, sou também filho de um pai que amo e valorizo a cada dia que amanhece.
Ao meu pai, que me ensinou a ser pai, devo-lhe tudo e ainda mais alguma coisinha.
Ao meu pai, que me trata como pai que já sou, OBRIGADO!